sexta-feira, 29 de junho de 2012

Contabilidade e os três eixos do desenvolvimento sustentável

Vagner Jaime Rodrigues*

A contabilidade confere mais transparência às ações e aos balanços das atividades produtivas, permitindo que os distintos setores — agricultura, indústria, serviços e sistema financeiro —respondam de modo mais eficaz à crescente exigência da sociedade quanto à ética, correção e seriedade do universo corporativo. O mesmo se aplica às contas do setor público e na gestão orçamentária, financeira e patrimonial do Estado.
 Ao enfatizar a segurança dos negócios e a probidade na área pública, a contabilidade torna-se elemento fundamental para o sucesso das metas preconizadas na síntese da Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável): promover o progresso do capitalismo democrático com base nos pilares social, econômico e ambiental.
Empresas sólidas, com balanços financeiros reais e confiáveis, e governos com responsabilidade fiscal, gestão eficiente e proba têm maiores possibilidades de gerar renda e empregos e de prestar serviços essenciais de qualidade nos campos da educação, saúde e habitação. Assim, ampliam-se as possibilidades de se promover a inclusão social de maior contingente de pessoas e se pode investir mais recursos no atendimento à população e no bem-estar da sociedade. Responde-se, assim, ao quesito social da sustentabilidade.
 Do mesmo modo, Estado e mercado financeiramente saudáveis podem investir de maneira mais efetiva na chamada economia verde, na produção limpa, recuperação dos biomas e ecossistemas e na preservação ambiental. Conciliar produção com os preceitos fundamentais da ecologia exige investimentos vultosos e toda uma mudança cultural, que somente a saúde financeira poderá propiciar.
A prova da importância da contabilidade para tudo isso são as crises econômicas, muitas vezes, ligadas à falta de controle dos balanços de instituições financeiras, seguradoras e grandes conglomerados empresariais, como se viu em 2008 no crash do subprime, originado nos Estados Unidos, que gerou crise em cascata em todo o mundo. Do mesmo modo, a presente crise na Zona do Euro, motivada em grande parte pelo desequilíbrio fiscal de alguns países, cria muitas dificuldades para que as nações cumpram acordos multilaterais e possam fazer aportes de dinheiro para fazer frente aos desafios mundiais da sustentabilidade. Isso é visível na Rio+20, com a recusa dos países ricos de criar um fundo para esses investimentos.
O governo brasileiro divulgou, na Conferência da ONU, que publicará portaria interministerial do Planejamento e Meio Ambiente, criando um grupo para calcular a chamada conta da água. O objetivo será medir o PIB verde e, dessa forma, calcular o crescimento em termos de sustentabilidade. Esse é um ótimo exemplo do papel que os preceitos da boa contabilidade também terão no controle e transparência dos índices que surgirão no futuro para medir como estamos tratando o meio ambiente.



*Mestre em contabilidade, sócio da Trevisan Gestão & Consultoria e professor da Trevisan Escola de Negócios. E-mail: jaime.rodrigues@tgec.com.br.

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